31/12/2008

Natal de 2008

A quadra natalícia, pelo seu simbolismo, é uma época propícia à celebração dos nossos valores, como estar em família, em paz, e com amigos. É também uma época de partilha.

Para quem não pôde celebrar o Natal na nossa terra, ficam as imagens.














Os símbolos permanecem iguais: o presépio e a fogueira. Mas a “desertificação” é que torna diferentes os Natais de hoje em relação aos de outrora: quase não há crianças residentes, acabou o “quer que cante ou que reze”, as portas das casas estão fechadas, as ruas ermas.

Na noite da consoada, continua o bacalhau como Rei; no almoço de Natal, as matanças do porco são escassas, portanto a carne de porco foi substituída pelo peru, pela galinha, pelo borrego, ou até pelo polvo; são as modernices, para quem pode tê-las !...

As pessoas que restam, mantêm a chama viva da tradição, e é sempre Natal.

Este ano, à hora de repicar os sinos para nos aquecermos à fogueira, porque a noite estava gélida, um grupo de amigos começámos logo na estrada a entoar cânticos de Natal, para acordarmos a aldeia, mas apenas as pedras da calçada nos ouviram; ninguém nos convidou para beber um copo, como antigamente ! Já nem na fogueira há comes e bebes, como quando havia mordomos do Menino Jesus... Tudo muda !

Mas no largo da Igreja, junto à fogueira viram-se algumas crianças a saltitar e a vibrar com as labaredas, e houve até altas horas da noite, quem acordasse com foguetes ou com “bombas” que alguém meteu no meio dos tocos.

Ou a malta andava quente, ou não arredaram pé da fogueira!

Ficam votos para que no ano que vem se mantenha a tradição, apesar da “crise”.

Vamos ser optimistas: que em 2009 estejamos sempre com o espírito do Natal !

BOM ANO PARA TODOS !

Maria Amélia Rosário
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17/12/2008

O Natal dos anos 50 e 60



Não havia noite tão desejada em todo o ano como a noite de Natal, em que as famílias muito numerosas se juntavam à roda da lareira, sentados nos bancos de madeira ou em cadeiras de palha, esperando pelos familiares, alguns já emigrados na França e Alemanha, outros por paragens mais próximas.

Não faltavam à mesa as filhoses, o arroz doce, o bacalhau e as couves etc. A carne de porco (havia quem fizesse a matança na véspera) ou a galinha ficavam para o dia de Natal. Tudo feito nas panelas de ferro, que dava um sabor especial à ceia. Enquanto a ceia era preparada, os mais jovens preparavam-se para o "quer que cante ou que reze".

Percorria-se a aldeia de porta a porta dos mais abastados, com um cestinho ou saco. Era uma festa para todos. Os mais velhos ensinavam os versos que se deviam cantar para se receberem: castanhas, nozes, maçãs, enchidos, tostões (poucos).
Lá iamos cantarolando os sons graves das quadras, com os tamancos que já atordoavam os vizinhos. E depois:

Estas casas são muito altas
Forradinhas de alecrim
Viva quem nelas habita
Que é o Senhor Joaquim

Levante-se lá senhora
Desse banco de cortiça
Venha-nos dar a janeira
Ou morcela ou chouriça

Levante-se lá senhora
Desse banquinho de prata
Venha-nos dar a janeira
Que está um frio que mata

Ou o presunto é grosso
Ou a faca não quer cortar
Esta barba de farelo
Não tem nada que nos dar

...E havia mais quadras!

Quando as pessoas estavam mal humoradas e não gostavam da paródia, continuava a algazarra...belos tempos!...No final distribuiam-se os géneros pelos que mais precisavam (menos as nozes...).
Depois da euforia pensava-se na ceia melhorada da consoada. Não havia consoada sem o chefe de família rezar por todos os presentes e ausentes, vivos e defuntos.Os mais novos pediam a benção e beijavam a mão aos pais.

Continuava o convívio até que os sinos da Igreja repicassem para anunciar que era a hora de se acender a fogueira do Natal, feita como é hoje no largo da Igreja Matriz. Na altura ainda se "desviavam" os troncos de carvalhos, pinhos, castanheiros, giestas, sem que alguns donos se apercebessem.

Toda a gente se aquecia com aquelas labaredas com metros de altura e muitas chispas... era um espectáculo muito curioso, pois para além do braseiro, havia o convívio de toda a gente da aldeia, onde não faltavam os tremoços, figos secos, o vinho e às vezes as filhoses que os mordomos do Menino Jesus e populares ofereciam. Era noite de partilha!... era Natal... a rapaziada, essa, a noite era deles...Não havia televisão, nem Net, nem Discotecas...

O frio gélido não era impedimento para nada... pois já estavam bem quentinhos.
Para os mais jovens era altura de colocar o tamanquinho na chaminé!...
Mas o Deus Menino (na altura o Pai Natal andava à procura das Renas)estava sempre em crise...Os presentes eram muito simples. Às perguntas sobre a razão de os presentes serem quase sempre os mesmos, vinha a resposta de que havia sempre quem não tinha nada no tamanquinho. E nós encolhíamos os ombros e pensávamos logo no ano seguinte, no grande significado do NATAL, que deveria ser para todos e todos os dias.

Dia de Natal... fato domingueiro!...os sinos voltavam a repicar para convidar a assistir à missa, visitar o presépio feito de musgo e com muitas figurinhas.A fogueira estava acesa, mesmo que chovesse ainda havia um grande braseiro, que continuava a aquecer quem com toda a sua devoção ia assistir à celebração da missa. A meio da celebração beijava-se o Deus Menino depositando na bandeja dos mordomos a oferta.Tradição que se mantém. E como no Inverno os dias são mais curtos, rápido se passava o dia. No dia seguinte já se pensava no próximo dia de Natal.E velozmente se passaram tantos Natais, cada vez mais diferentes!...

BOAS FESTAS

Mª. Amélia

14/12/2008

Capeias

Recordemos a capeia de 2008 e a nocturna de 2008 .
Obrigado aos Navenses que colocaram os videos no Youtube !
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05/12/2008

NAVE DA RAIA

Soubemos recentemente de mais uma presença da Nave na Internet. Trata-se do "NAVE DA RAIA", site de qualidade, que pode ser visto aqui . Lá podemos ver informações diversas sobre a nossa terra, e centenas de fotos (algumas históricas), dos nossos amigos e familiares, nas festas e convívios que se têm feito nos últimos anos, e que os cibernautas navenses poderão consultar e divulgar aí em casa.

Um abraço fraternal aos nossos "colegas" do "Nave da Raia". Continuem.
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04/12/2008

DIA DOS SANTOS


(Artigo publicado no Jornal "Nordeste" de Novembro de 2008)

No dia de Todos-os-Santos, às 16.30 houve a celebração da Santa Missa, onde o Sr. Padre evocou todos os Santos, deixando à reflexão de cada um que não nasceram Santos mas sim que se fizeram através dos seus actos...
À saída da igreja foi um reviver de memórias de tempos idos, no encontro com amigos.
Segundo a nossa tradição, não faltaram à mesa os tradicionais bolos dos Santos (já não são feitos nos fornos da Nave mas também são apetitosos). Ainda se distribuem aos afilhados, mas por ironia do destino há mais afilhados que padrinhos, pois muitos já não fazem parte do mundo dos vivos.
Também não faltaram as castanhas, ainda que este ano não seja um ano de abundância; deu para matar saudades. Nesta altura não falta a solidariedade de amigos e vizinhos que repartem com quem já nem tem força para as ir apanhar. Também neste dia se faziam os magustos e para os mais afoitos nem se esperava pelo S. Martinho para ir à pipa e provar o vinho. Tudo isto é passado!...

ROMAGEM AO CEMITÉRIO

Realizou-se este ano no dia 2 de Novembro, dedicado ao fiéis defuntos, a romagem ao cemitério, para prestar homenagem aos nossos entes queridos e amigos que já partiram e que se recordam com muita saudade.
Foi um misto de emoções, pois revêem-se amigos que se deslocam à nossa terra, formando uma grande moldura humana como há muito não se via. São muitos os nossos conterrâneos que continuam nesta peregrinação terrena.


SOLIDARIEDADE

Falando da ligação à nossa terra, vale a pena viver porque há ainda muito para fazer!
Vamos arregaçar as mangas. A união faz a força!...
Foi lançado recentemente um apelo à solidariedade de todos, para angariar fundos para as obras do Lar da Associação do Divino Santo Cristo, como já foi referido em números anteriores do Jornal Nordeste. É um desafio para todos os Navenses.
Pela receptividade que temos verificado nos contactos realizados, constata-se que os filhos da Nave continuam fiéis às suas raízes e atentos ao que nela se passa. O jornal Nordeste muito tem ajudado a difundir a mensagem.

Para qualquer contacto, o nº de telefone da Associação do Divino Santo Cristo é : 271 605 530

Entretanto, começaram a chegar os donativos :

Comandante Horácio Pina Metello – 500 Euros
Anónima – 50 Euros
Rui Pina Metello - 1000 Euros

Como estamos a entrar na época natalícia, desejamos a todos os conterrâneos e ao Sr. Padre António, um Santo Natal.

Maria Amélia N.P.Rosário